terça-feira, 28 de setembro de 2010

Informática APAE de Chapecó- Notícias da região



Utiliza-se o computador como ferramenta pedagógica, estimulando a curiosidade, a criatividade, a linguagem, o raciocínio e a construção de conceitos.
 Conforme destacou Vygostsky, é sumamente relevante para o desenvolvimento humano o processo de apropriação, por parte do indivíduo, das experiências presentes em sua cultura. O autor enfatiza a importância da ação, da linguagem e dos processos interativos na construção das estruturas mentais superiores (VYGOTSKY, 1987). O acesso aos recursos oferecidos pela sociedade, escola, tecnologias, etc., influenciam determinantemente nos processos de aprendizagem da pessoa.

    Entretanto, as limitações do indivíduo com deficiência tendem a se tornarem uma barreira para esse aprendizado. Desenvolver recursos de acessibilidade seria uma maneira concreta de neutralizar as barreiras causadas pela deficiência e inserir esse indivíduo nos ambientes ricos para a aprendizagem, proporcionados pela cultura.
    Outra dificuldade que as limitações de interação trazem consigo são os preconceitos a que o indivíduo com deficiência está sujeito. Desenvolver recursos de acessibilidade também pode significar combater esses preconceitos, pois, no momento em que lhe são dadas as condições para interagir e aprender, explicitando o seu pensamento, o indivíduo com deficiência mais facilmente será tratado como um "diferente-igual"... Ou seja, "diferente" por sua condição de pessoa com deficiência, mas ao mesmo tempo "igual" por interagir, relacionar-se e competir em seu meio com recursos mais poderosos, proporcionados pelas adaptações de acessibilidade de que dispõe. É visto como "igual", portanto, na medida em que suas "diferenças", cada vez mais, são situadas e se assemelham com as diferenças intrínsecas existentes entre todos os seres humanos. Esse indivíduo poderá, então, dar passos maiores em direção a eliminação das discriminações, como conseqüência do respeito conquistado com a convivência, aumentando sua auto-estima, porque passa a poder explicitar melhor seu potencial e seus pensamentos.

    É sabido que as novas Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) vêm se tornando, de forma crescente, importantes instrumentos de nossa cultura, e o acesso a elas, um meio concreto de inclusão e interação no mundo (LEVY, 1999).

    Essa constatação é ainda mais evidente e verdadeira quando nos referimos a pessoas com deficiência. Como bem sinalizou Mary Pat Radabaugh:
"Para as pessoas sem deficiência, a tecnologia torna as coisas mais fáceis.
Para as pessoas com deficiência, a tecnologia torna as coisas possíveis
". (RADABAUGH, 1993)
    Nesses casos, as TIC podem ser utilizadas ou como Tecnologia Assistiva, ou por meio da Tecnologia Assistiva.

    Definindo,
"Tecnologia Assistiva é uma área do conhecimento, de característica interdisciplinar, que engloba produtos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que objetivam promover a funcionalidade, relacionada à atividade e participação de pessoas com deficiência, incapacidades ou mobilidade reduzida, visando sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social” (Comitê de Ajudas Técnicas, CORDE/SEDH/PR, 2007).
              São considerados recursos de Tecnologia Assistiva, portanto, desde artefatos simples, como uma colher adaptada, uma bengala ou um lápis com uma empunhadura mais grossa para facilitar a preensão, até sofisticados sistemas computadorizados, utilizados com a finalidade de proporcionar uma maior independência e autonomia à pessoa com deficiência (GALVÃO FILHO e DAMASCENO, 2006).
    As diferentes maneiras de utilização das TIC como Tecnologia Assistiva  no laboratório será classificada  em ferramentas que segundo o próprio MEC  se classifica em:
a) As TIC como sistemas auxiliares ou prótese para a comunicação.
b) As TIC utilizadas para controle do ambiente.
c) As TIC como ferramentas ou ambientes de aprendizagem.
d) As TIC como meio de inserção no mundo do trabalho profissional.
(SANTAROSA, 1997 e, na Web, em PROINESP/MEC):


a) As TIC como sistemas auxiliares ou prótese para a comunicação: talvez esta seja a área onde as TIC tenham possibilitado avanços mais significativos. Em muitos casos o uso dessas tecnologias tem se constituído na única maneira pela qual diversas pessoas podem comunicar-se com o mundo exterior, podendo explicitar seus desejos e pensamentos.

    Essas tecnologias tem possibilitado a otimização na utilização de Sistemas Alternativos e Aumentativos de Comunicação (SAAC), com a informatização dos métodos tradicionais de comunicação alternativa, como os sistemas Bliss, PCS ou PIC, entre outros.

    Fernando Cesar Capovilla, pesquisando na área de diagnóstico, tratamento e reabilitação de pessoas com distúrbios de comunicação e linguagem, faz notar que:

"Já temos no Brasil um acervo considerável, e em acelerado crescimento, de recursos tecnológicos que permitem aperfeiçoar a qualidade das interações entre pesquisadores, clínicos, professores, alunos e pais na área da Educação Especial, bem como de aumentar o rendimento do trabalho de cada um deles." (CAPOVILLA, 1997).
 
b) As TIC, como Tecnologia Assistiva, também são utilizadas para controle do ambiente, possibilitando que a pessoa com comprometimento motor possa comandar remotamente aparelhos eletrodomésticos, acender e apagar luzes, abrir e fechar portas, enfim, ter um maior controle e independência nas atividades da vida diária.

c) As dificuldades de muitas pessoas com necessidades educacionais especiais no seu processo de desenvolvimento e aprendizagem têm encontrado uma ajuda eficaz na utilização das TIC como ferramenta ou ambiente de aprendizagem. Diferentes pesquisas têm demonstrado a importância dessas tecnologias no processo de construção dos conhecimentos desses alunos (NIEE/UFRGS, NIED/UNICAMP, CRPD/OSID e outras).

d) E, finalmente, pessoas com grave comprometimento motor vêm podendo tornar-se cidadãs ativas e produtivas, em vários casos garantindo o seu sustento, através do uso das TIC.

    Com certa freqüência essas quatro áreas se relacionam entre si, podendo determinada pessoa estar utilizando as TIC com finalidades presentes em duas ou mais dessas áreas. É o caso, por exemplo, de uma pessoa com problemas de comunicação e linguagem que utiliza o computador como prótese de comunicação e, ao mesmo tempo, como caderno eletrônico ou em outras atividades de ensino-aprendizagem.
            Com esse Projeto  nosso interesse específico aqui é apresentar um pouco mais detalhadamente alguns recursos de Tecnologia Assistiva para o acesso ao computador e à internet, como possibilidade de utilizá-las  no trabalho educacional com alunos com deficiência, os quais estamos almejando, ou seja, o acesso ao ambiente educativo computacional e telemático, feito por meio de Tecnologia Assistiva.
    Conforme tem sido detectado:

"A importância que assumem essas tecnologias no âmbito da Educação Especial já vem sendo destacada como a parte da educação que mais está e estará sendo afetada pelos avanços e aplicações que vêm ocorrendo nessa área para atender necessidades específicas, face às limitações de pessoas no âmbito mental, físico-sensorial e motoras com repercussão nas dimensões sócio-afetivas." (SANTAROSA, 1997).

               Em nosso trabalho educacional no Laboratório, portanto, queremos  utilizar  adaptações com a finalidade de possibilitar a interação, no computador, de alunos com diferentes graus de comprometimento motor e/ou de comunicação e linguagem, em processos de ensino e aprendizagem.

    Essas adaptações podem ser de diferentes ordens, como, por exemplo:
 
"...adaptações especiais, como tela sensível ao toque, ou ao sopro, detector de ruídos, mouse alavancado a parte do corpo que possui movimento voluntário e varredura automática de itens em velocidade ajustável, permitem seu uso por virtualmente todo portador de paralisia cerebral qualquer que seja o grau de seu comprometimento motor (Capovilla, 1994)."
(Magalhães, Leila N. A. P. et al, in http://www.c5.cl/ieinvestiga/actas/ribie98/111.html).
    Classificamos os recursos de acessibilidade que utilizamos em três grupos:

1- Adaptações físicas ou órtenses:
São todos os aparelhos ou adaptações fixadas e utilizadas no corpo do aluno e que facilitam a interação do mesmo com o computador.

2- Adaptações de hardware:
São todos os aparelhos ou adaptações presentes nos componentes físicos do computador, nos periféricos, ou mesmo, quando os próprios periféricos, em suas concepções e construção, são especiais e adaptados.

3- Softwares especiais de acessibilidade:
São os componentes lógicos das TIC quando construídos como Tecnologia Assistiva. Ou seja, são os programas especiais de computador que possibilitam ou facilitam a interação do aluno com deficiência com a máquina.
Referências bibliográficas e alguns links relacionados:
Softwares Especiais- Jordi Lagares: http://www.lagares.org
Softwares Especiais- http://www.acessibilidade.net/
Softwares Especiais- http://fundacion.vodafone.es/VodafoneFundacion/FundacionVodafone/0,,25311,00.html
Softwares Especiais- DOSVOX (UFRJ): http://intervox.nce.ufrj.br/dosvox/
Softwares Especiais- Projeto microFênix (UFRJ): http://intervox.nce.ufrj.br/microfenix/
Softwares Especiais- http://www.saci.org.br/?modulo=akemi&parametro=3847
Tecnologia Assistiva: http://www.assistiva.org.br/
Tecnologia Assistiva: http://www2.uepa.br/nedeta/
Tecnologia Assistiva: http://www.ajudas.com/
Tecnologia Assistiva: http://www.ceapat.org/
Tecnologia Assistiva: http://www.lumenequipterapeuticos.com.br/
Tecnologia Assistiva: http://www.geocities.com/to_usp.geo/principalta.html
Tecnologia Assistiva: http://www.clik.com.br/
Tecnologia Assistiva: http://www.expansao.com
Comunicação Alternativa: http://www.c5.cl/ieinvestiga/actas/ribie98/111.html
Comunicação Alternativa: http://www.comunicacaoalternativa.com.br/
 GALVÃO FILHO, Teófilo A. e DAMASCENO, Luciana L. As novas tecnologias e a tecnologia assistiva: utilizando os recursos de acessibilidade na educação especial. Fortaleza, Anais do III Congresso Ibero-americano de Informática na Educação Especial, MEC, 2002.
  AUTORES:
(*) Luciana Lopes Damasceno (lucianalopesdamasceno.vilabol.uol.com.br): Pedagoga, especialista em "Projetos Educacionais e Informática" e em "Alfabetização Infantil". É professora do Programa InfoEsp - "Informática, Educação e Necessidades Especiais", das Obras Sociais Irmã Dulce e do Instituto de Cegos da Bahia (lucidamasceno@uol.com.br).
(**) Teófilo Alves Galvão Filho (www.galvaofilho.net): Mestre e Doutorando em Educação pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), especialista em "Informática na Educação" e engenheiro. É coordenador do Programa InfoEsp das Obras Sociais Irmã Dulce, professor universitário e membro do Comitê de Ajudas Técnicas da Secretaria Especial dos Direitos Humanos, da Presidência da República - CORDE/SEDH/PR (teofilo@infoesp.netteogf@ufba.br). 
8 - REFERÊNCIAS  BIBLIOGRÁFICAS:

1 – ALMEIDA, Maria Elizabeth  de.
 PROINFO: Informática e formação de professores, Secretaria de        Educação à Distância. Vol I, Brasília: Ministério da Educação, Seed, 2000.

2 – BIANCHETTI, Lucídio & Freire, Ida Mara (orgs). Um olhar sobre a diferença: Interação, Trabalho e Cidadania, 3ª. Ed. Campinas, SP: Papirus, 1998.
3 -CAPOVILLA, Fernando C. Pesquisa e desenvolvimento de novos recursos tecnológicos para a Educação Especial: boas novas para pesquisadores, clínicos, professores, pais e alunos. Boletim Educação/UNESP, n. 1, 1997.
4 -COMITÊ DE AJUDAS TÉCNICAS, Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República (CORDE/SEDH/PR), Brasília, 2007, Ata da Reunião VII, disponível em: <http://www.mj.gov.br/sedh/ct/corde/dpdh/corde/Comitê de Ajudas Técnicas/Ata_VII_Reunião_do_Comite_de_Ajudas_Técnicas.doc> Acesso em 05 jan. 2008.

5 -FREIRE, Fernanda M. P. Educação Especial e recursos da informática: superando antigas dicotomias. Biblioteca Virtual, Textos, PROINFO/MEC, 2000, In: http://www.proinfo.gov.br.
6 - GALVÃO FILHO, Teófilo A. e DAMASCENO, Luciana L., Tecnologia Assistiva para autonomia do aluno com necessidades educacionais especiais, Revista INCLUSÃO, Secretaria de Educação Especial do Ministério da Educação (SEESP/MEC), ano 2, n. 02, p. 25-32, 2006.

7 - LÉVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo, Ed. 34, 1999.
8 - RADABAUGH, Mary Pat. Study on the Financing of Assistive Technology Devices of Services for Individuals with Disabilities - A report to the president and the congress of the United State, National Council on Disability, Março 1993. Disponível em <http://www.ccclivecaption.com> Acesso em 04 dez. 2007.
9 - SANTAROSA, Lucila M.C. "Escola Virtual" para a Educação Especial: ambientes de aprendizagem telemáticos cooperativos como alternativa de desenvolvimento. Revista de Informática Educativa, Bogotá/Colombia, UNIANDES, 10(1): 115-138, 1997

10 - VYGOTSKY, L. A formação social da mente. S.P., Martins Fontes, 1987.




Fonte: APAE CHAPECÓ
http://chapeco.apaebrasil.org.br/noticia.phtml?n=25078

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